
- Nº 1763 (2007/09/13)
Nos 40 anos do assassinato de Ernesto Guevara
O exemplo revolucionário de <em>Che</em>
Festa do Avante!
Quatro décadas depois de ter sido assassinado pela CIA nas montanhas da Bolívia, a 9 de Outubro de 1967, Ernesto Che Guevara continua a ser uma referência de vulto na história do movimento comunista internacional.
Mais que um ícone, Che é um exemplo para quem se entrega no presente à luta pelo futuro da humanidade. A exposição fotográfica que o Partido Comunista de Espanha trouxe à 31.ª edição da Festa do Avante! foi, por isso, uma das iniciativas mais saudadas na Cidade Internacional.
Bem junto à banca dos comunistas espanhóis – onde durante três dias a música festiva e os laços fortes entre camaradas mantiveram o espaço sempre cheio e animado por discussões intermináveis – 20 painéis com fotografias cedidas pelo Arquivo da Oficina dos Assuntos Históricos de Cuba reproduziam os passos mais significativos da vida do guerrilheiro e dirigente argentino que o povo de Cuba e outros povos do mundo adoptaram justamente como seu compatriota.
Da impressiva viagem empreendida com o amigo Alberto Granado pela América Latina aos primeiros contactos com os revolucionários cubanos que, liderados por Fidel Castro, preparavam no México a insurreição, até à infatigável entrega ao processo revolucionário na ilha caribenha, muito se deu a conhecer da prática ímpar de Che.
Incitando os camponeses e os jovens a posicionarem-se ao lado das forças que levavam por diante a transformação social em Cuba; na Sierra Maestra e depois em Santa Clara onde os derradeiros soldados do ditador Fulgêncio Batista caíram derrotados; ao lado de Fidel nas manifestações contra o terrorismo yankee após o triunfo, em 1959, ou na Praça da Revolução com Dolores Ibarruri, a Passionária da guerra civil entre republicanos e fascistas em Espanha, as imagens de Ernesto Guevara para a posteridade são um símbolo de «coragem e abnegação revolucionária», consigna que era, aliás, título da mostra.
Com Cuba e o seu povo firmemente determinados em prosseguir o rumo do socialismo, Che colocou o seu fulgor revolucionário ao serviço dos povos de África e da América Latina. O chamado período internacionalista que encerrava a exposição retrata a experiência de Che no Congo antes de partir para o acidentado planalto boliviano onde viria a ser vítima da raiva vingativa do capitalismo.
O seu desaparecimento prematuro foi um episódio doloroso mas não encerra nenhum capítulo da história, antes, abriu e abre caminho para que, como Che, prossigamos o sonho milenar de uma sociedade sem classes porque, como o próprio sublinhou, «não há fronteiras nesta luta de morte, nem vamos começar a ser indiferentes perante o que aconteça em qualquer parte do mundo. A nossa vitória ou a derrota de qualquer nação do mundo é a derrota de todos».